segunda-feira, janeiro 19, 2009

Selo Histórico completa 20 anos (Parabéns "Master" Lariú)

Por Ney Hugo
Foto Paulo Kid
A Midsummer Madness – selo do RJ, um dos mais antigos do país – acaba de completar 20 anos. Surgido numa época em que não existia internet e era tudo feito através do correio, o MM montou um cast gigantesco no decorrer desses anos todos. A filosofia do selo é ter bandas “de música boa”, independendo se os integrantes da banda estão preocupados em gerir a carreira ou não, circular ou ficar em casa... o que importa é a banda ser boa, compor, gravar e tocar.
“No midsummer madness nós temos artistas-artistas, artistas-pedreiros e até artistas-estrelas e todos eles são bons para caralho”. A frase é de Rodrigo Lariú, idealizor e gestor do selo, que acha que o MM tem o melhor cast do país “disparado” e “sem falsa modéstia”. Relata também admirar o modo como as bandas do selo se ajudam umas às outras.
Confira esses e outros assuntos na entrevista abaixo:
Portal FE: É muito tempo de história ein Lariú... pra começar a clássica, o que você considera como principais erros e acertos da Midsummer nesse tempo e o que o selo construiu nesse tempo?Rodrigo Lariú: Os principais acertos são as bandas. Eu tenho o maior orgulho do cast de bandas do midsummer madness, acho o melhor do Brasil disparado e sem falsa modéstia. Nosso lance nunca foi quantidade, sempre qualidade. E também nunca fomos atrás de bandas de modinha, destas que imitam Los Hermanos quando Los Hermanos é o que há. O trabalho de seleção dos artistas que trabalham com a gente é a parte mais forte do midsummer madness. Dificilmente eu ouço das pessoas que gostam do mmrecords que tal banda é ruim... O cara pode não gostar de tudo, mas dificilmente alguém acha uma banda que destoe do padrão de qualidade. Isso sempre vai ser uma característica nossa: o midsummer madness é um selo segmentado. Há alguns anos atrás, o que eu mais ouvia as pessoas perguntarem era se para entrar no selo tinha que cantar em inglês. Não! A língua não faz diferença pra mim, desde que a música seja boa. Depois, começaram a me perguntar se a banda tinha que ter um som indie... Não! Eu não considero The Gilbertos, Fellini, Casino, Dois em Um, Smack bandas indies no som. Ultimamente têm me perguntado porque a gente não contrata bandas com potencial comercial, "bandas que podem estourar"... Não é que a gente não trabalhe com bandas que podem estourar, mas sim que 1º o conceito "estourar" é errado e 2º, se a banda fizer sucesso comercial, ótimo, mas isso nunca será condição para uma banda entrar no mmrecords. Fazer sucesso é relativo. Quando eu me proponho a lançar um disco e vender 500 cópias e eu atinjo esta meta, isso é sucesso absoluto. Eu fico meio puto de ouvir comentários do tipo "banda nova / selo pequeno". Com 20 anos de história, mais de 60 bandas, quase 600 músicas lançadas, quase 100 EPs e 25 discos... isso é pequeno??Talvez o maior erro seja a nossa preguiça hahaha. Eu tenho que confessar, não sou dos caras mais esforçados, daqueles que vivem 24h em função disso. Já perdi várias oportunidades pras bandas do mmrecords por causa desta lentidão. A falta de grana nos faz também não ter uma estrutura por trás, é quase tudo nas minhas costas e isso não é bom. Se eu fico doente ou ocupado com trabalho, infelizmente o selo fica em 2º plano.
Portal FE: Como o selo veio acompanhando as mudanças dos últimos anos, como o surgimento da internet e o maior acesso às tecnologias de gravação e distribuição?
Rodrigo Lariú: Com muita prudência. Apesar do midsummer madness ter sido um dos primeiros (senão o primeiro) selo de fitas cassete do Brasil em 1991, de ter sido também um dos pioneiros na internet, com website em 1997, a gente sempre deu passos de formiguinha no que se tratava de internet. E ainda damos. Foi só em 2006 que nosso site passou a ter streaming e donwload de mp3, e ainda estamos muito receosos com esta tendência de venda de música online. Estamos esperando pra ver aonde o bar vai atracar antes de subir nele. Acho esta prudência necessária pois o midsummer madness e as nossa bandas não são exatamente o padrão de mercado. Por isso, temos sempre que analisar as alternativas e adaptá-las antes de querer sair por ai sendo o primeiro selo a fazer tudo na internet. Não da pra ser cobaia quando o dinheiro sai do teu bolso.Fora isso, claro que com a internet tudo ficou mais rápido e mais fácil do que como era em 1994, com fitas cassete e cartinhas no correio.
Portal FE: O que começou há 20 anos como amor à causa e "do it yourself" hoje se tornou um cenário cada vez mais profissional e em constante avanço. A que você considera que se deve essa tomada de consciência?
Rodrigo Lariú: Outra coisa que eu fico puto de ouvir é as pessoas me chamando de "guerrilheiro", de "batalhador", se referindo ao nosso trabalho como "persistência". Ninguém entendeu ainda que o que começou há 20 anos atrás não era um hobby, nem um trabalho de maluco: é um projeto de vida. Eu fico muito feliz de ver algumas coisas se profissionalizando. Algumas coisas eu jamais imaginaria possível há 15, 20 anos atrás, como por exemplo, eu lançar uma banda desconhecida da Baixada Fluminense e ela ser convidada para se apresentar no SESC com um bom cachê. Ou então, ter uma música de uma banda nossa no comercial do Banco do Brasil. Tudo isso tem gerado grana para as bandas e para o selo. Mas, o que eu considero mais bacana no midsummer madness - e é um fenômeno recente - é a união e a parceria entre as bandas. Por causa da comunicação interna e dos eventos que o midsummer madness promove, os integrantes das bandas do selo tem cada vez mais assumido uma postura cooperativista, em prol de todas as bandas. É o melhor estilo um por todos e todos por um. As bandas que fazem parte do midsummer madness se ajudam, se falam, trocam experiências. Isso, somado ao profissionalismo, tem tornado o trabalho do selo e das bandas muito mais fácil. É outra coisa da qual eu me orgulho muito, não vejo isso - essa família - nos outros selos parecidos com o midsummer madness.
Portal FE: Você acha que as bandas no Brasil já visualizam essa coisa da auto gestão ou ainda falta muito pra maioria compreender?
Rodrigo Lariú: Continuando o que eu disse antes, acredito que as bandas do midsummer madness, mesmo as mais antigas, já estão começando a compreender esta nova lógica, em todas as suas vantagens e desvantagens. E uma coisa que eu reforço muito para todas as bandas do midsummer madness é a liberdade de escolha. Ninguém precisa se auto-gerir se isso não tem a ver com as suas necessidades enquanto banda. Acho que o mmrecords é também o único selo do Brasil que se une / contrata bandas que não necessariamente precisam estar circulando, fazendo shows e se adequando a esta lógica.Nós temos aqui no midsummer madness uma premissa básica que vem antes desta lógica de auto-gestão: a música tem que ser boa. Isso sempre vem em primeiro lugar. Se o cara não se sente bem sendo um artista-pedreiro e não quer operar nesta lógica, isso não vai impedí-lo de conseguir coisas aqui no midsummer madness. Eu acho que esta lógica de auto-gestão tem vantagens mas por enquanto, as desvantagens ainda são muito grandes para a maioria dos artistas. Então, não é só por isso que o cara tem que deixar de compor, de gravar e de tocar. No midsummer madness nós temos artistas-artistas, artistas-pedreiros e até artistas-estrelas e todos eles são bons para caralho rsrsrs.
Portal FE: E pra encerrar, outra clássica, quais os planos pros próximos 20 verões da misummer?
Rodrigo Lariú: Sei lá... tenho planos ambiciosos para o site do midsummer madness e planos nefastos para o catálogo de CDs. Mas se a gente continuar a ter as melhores bandas do Brasil e os melhores discos e EPs, eu tô satisfeito...Só pra lembrar que a curto prazo estamos lançando 2º disco do Luisa mandou um beijo, 2º disco do Nervoso e os Calmantes, e acabaram de sair do forno o disco de estréia do Dois em Um (de Salvador, do ex penélope Luisão Pereira) e um SMD com 5 música novas do Smack, lendária banda do Edgard Scnadurra, da Sandra Coutinho (ex mercenárias), do Pamps e do Thomas Pappon (ex Fellini, The Gilbertos).

domingo, janeiro 11, 2009

Coletivo Palafita ganha prêmio da revista Vanguarda

por Karen Pimenta No dia 26 de dezembro, o Coletivo Palafita recebeu o prêmio da revista Vanguarda Cultural. A premiação tem por objetivo condecorar personalidades que contribuíram para o desenvolvimento da cultura no Amapá em 2008. A programação contou com a presença de Jorge Mautner e Nelson Jacobina, que abrilhantaram a noite.
Depois de muito trampo para a realização do primeiro Festival de Música Independente do Amapá, o QuebraMar, nada mais gratificante do que receber um prêmio por todo o trabalho realizado. Era visível a felicidade nos integrantes do Palafita, que compareceram em peso para a homenagem. Ao receber o prêmio, Otto Ramos ofereceu o prêmio a Dany Neris, integrante do Palafita, que faleceu recentemente. "Gostaria de oferecer esse prêmio a Dany Neris, que nos deixou há pouco tempo. Esse prêmio é pra você, Dany", emocionou-se.
À tarde, Mautner ministrou uma palestra sobre o movimento da tropicália e mostrou toda sua bagagem intelectual sobre o assunto. E pra fechar com chave de ouro as atividades da programação Navegando na Vanguarda, Mautner e Nelson subiram ao palco com seu "Maracatu Atômico" e mostrou porque é o Deus da Chuva e da Morte.